sábado, 29 de novembro de 2008

Mulher, Política e Mídia

Resumo: Íngrid Betancourt Pulecio (Bogotá, 25 de Dezembro de 1961) é uma senadora e ativista anticorrupção franco-colombiana. Foi raptada pelo grupo guerrilheiro (que usa métodos considerados terroristas como, por exemplo, o sequestro) FARC em 23 de Fevereiro de 2002 enquanto fazia campanha para as eleições presidenciais. Betancourt permaneceu cativa até o dia 2 de Julho de 2008, quando o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou a sua libertação juntamente com outros catorze reféns.



História

Ingrid Betancourt Pulecio nasceu em Bogotá, Colômbia, em 25 de Dezembro de 1961.Filha do ex. Senador e ex. Embaixador colombiano, Gabriel Betancourt e de Yolanda Pulecio, ex. Miss Colômbia. Passou parte da juventude em Paris, pois o seu pai era embaixador na UNESCO. Desde criança, habituou-se a conviver com gente como Pablo Neruda, o pintor Fernando Botero e Gabriel García Márquez, amigos da família. Fez os seus estudos no Instituto de Estudo Políticos de Paris, onde se licenciou em Ciências Políticas. Nesta altura conhece Fabrice Delloye, com o qual se casa em 1981. Deste casamento nasceram os seus dois filhos, Mélanie e Lorenzo.
Em 1990 divorcia-se de Fabrice e o destino fá-la regressar à Colômbia para empreender uma carreira política, baseada na luta contra a máquina de corrupção movida pelo dinheiro do narcotráfico. Na Colômbia os cartéis da droga, que movimentam milhares de milhões de dólares, compram, literalmente, Deputados, Senadores e até, o Presidente da República.

"Sabem como são poderosos, na Colômbia, os cartéis da droga, esta droga que mina a vida dos nossos jovens. Certamente que têm ouvido falar das matanças e dos escândalos políticos que eles causam. Mas, por trás destas organizações mafiosas, está o meu povo – um povo corajoso e orgulhoso que deseja libertar-se desta engrenagem infernal. É por ele que luto”.
(Com Raiva no Coração, Terramar, Março 2002).

Quando decidiu seguir a carreira política, dois acontecimentos, moldaram-lhe o caráter: Por um lado, o assassinato em 1989, (por ordem de Pablo Escobar, o líder do cartel de Medellín) de Luis Carlos Galan, candidato à presidência da república colombiana, amigo da sua família e que era a favor da extradição dos narcotraficantes para os Estados Unidos e por outro lado a sua luta pessoal, contra o presidente Ernesto Samper, cuja campanha presidencial foi financiada com o dinheiro do narcotráfico.
Em 1994 é eleita Deputada, com a maior votação de sempre e nesse mesmo ano, casa-se com o publicitário Juan Carlos Lecompte. Em Junho de 1996, sofreu um atentado, a mando dos narcotraficantes. O carro em que seguia recebeu uma rajada de metralhadora que por mera casualidade não a matou. Em Dezembro desse mesmo ano, recebeu no seu gabinete um mensageiro (que se tinha introduzido no Parlamento com a conivência de algum Deputado ou Senador), que lhe transmitiu secamente um aviso:

“É preciso que saiba que corre perigo, que a sua família corre perigo. Parta enquanto pode, pois as pessoas que represento já fizeram um contrato para a abater. Para ser absolutamente exato, doutora: já pagamos aos sicários”.
(Com Raiva no Coração).

Mas, Ingrid Betancourt não se deixa intimidar:

"Estou consciente dos perigos, mas estes não me farão recuar. É nisso que reside a minha esperança”.

Paladina da cruzada anticorrupção foi também conquistada pela defesa do ambiente, tendo criado em 1998, o Oxigênio, um pequeno partido ecologista, e logo de seguida consegue eleger-se Senadora, outra vez com a maior votação de sempre na eleição para o Senado. Após a eleição de 1998 Íngrid escrevera um livro, uma memória. Em princípio, seu livro não fora publicado na Colômbia , pois continha revelações polêmicas, além de críticas e acusações contra o antigo presidente Samper e outros, por isso fora publicado inicialmente na França com o título: "Lá Rage au Coeur" (Raiva no coração).
Em 2001 candidata-se à presidência da República colombiana. Em 20 de Fevereiro de 2002, o governo rompe as negociações de paz com as FARC, próximo de San Vicente del Caguán, numa vasta zona desmilitarizada. Conduzindo uma violenta ofensiva, as forças governamentais reocupam a vila e as suas imediações. As autoridades recusam a solicitação de Betancourt que pede, enquanto candidata à presidência, para viajar de avião com os jornalistas que acompanham o Presidente Andrés Pastrana ao local. Apesar dos conselhos dos que tentam dissuadi-la, ela decide ir assim mesmo, por terra. Em 23 de Fevereiro, em companhia de sua assessora de imprensa, Clara Rojas, e de dois jornalistas, ela penetra na zona onde há combates intensos entre o exército e a organização terrorista das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Foi raptada nesse dia pelas FARC, mantendo-se ainda em cativeiro.
Desde então, a sua família, com o apoio de intelectuais e políticos franceses e colombianos, tem lutado para que Ingrid Betancourt não seja esquecida e para que o governo consiga negociar a sua libertação. Ingrid Betancourt também conta com dezenas de comitês de apoio na França e em outros países europeus, todos mobilizados pela sua libertação.
Ingrid Betancourt, é uma mulher de coragem, pela luta solitária que trava contra a poderosíssima força mafiosa do narcotráfico e contra a corrupção nas altas esferas da política colombiana, mas é também a voz renovadora da esperança no triunfo da democracia na Colômbia.

FARC
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia–Exército do Povo, também conhecidas pelo acrônimo FARC ou FARC-EP, é uma organização de inspiração comunista, autoproclamada guerrilha revolucionária marxista-leninista, que opera mediante uso de métodos terroristas e de táticas de guerrilha. Lutam pela implantação do socialismo na Colômbia.



Resgate
Em 2 de Julho de 2008, às 15h 16m (hora da Colômbia), o ministro da Defesa do país, Juan Manuel Santos, anunciou a libertação no sul do país, pelo exército colombiano, de quinze reféns, entre os quais Íngrid Betancourt, três cidadãos dos Estados Unidos e onze agentes policiais e militares colombianos, alguns dos quais eram reféns das FARC havia mais de dez anos. Íngrid Betancourt estava sequestrada havia 2323 dias. Este resgate ocorreu através da infiltração do exército no comando das FARC que tinha os reféns em seu poder, conseguindo convencer os sequestradores a reunir num só grupo os reféns. O resgate foi feito por helicóptero, sob o pretexto de levar os reféns para uma inspeção humanitária.
A operação foi a conclusão de uma vasta preparação de infiltração no mais alto nível das FARC. Os reféns só souberam que estavam a caminho da liberdade no helicóptero, pois toda a operação decorreu sem um único tiro e sem qualquer violência.
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Pagamento de resgate?
Sexta-feira, dia 4 de julho, a Radio Suisse Romande, uma rádio suíça francófona, anunciou que a liberação dos reféns teria sido comprada por um valor próximo de 20 milhões de dólares, e que o resgate não passaria de uma encenação a fim de ocultar do público o fato de que diversos governos, entre eles o dos Estados Unidos, teriam negociado com os representantes das FARC.


http://polemikos.com/?p=69






Ingrid, Política e Mídia.



Íngrid Betancourt era candidata á presidência da Colômbia, tinha em sua história e em seu sangue envolvimento político, através de seus pais. No ano de 2002 as pesquisas de intenções de votos não chegavam nem 2% a favor da ativista política, porém sua voz e opinião em relação ao combate do narcotráfico eram de relativa importância e sua popularidade no país era grande.
Mulher e jovem, para os padrões da política, Ingrid fugia completamente do estereotipo de lideres mundiais, mas é a partir daí que podemos refletir sobre os motivos que a levaram a se tornar popular e em ser ouvida. Suas idéias eram de combate a todas as raízes que prejudicam até hoje a Colômbia, o narcotráfico e a corrupção, ela lutava ativamente contra o então presidente Ernesto Samper por sua ligação com o tráfico e mantinha na câmera uma posição independente.
E como na política quem não é complacente ou omisso, preocupa á quem não é tão correto assim, Ingrid passa a incomodar certas personalidades. As FARC que apóiam o narcotráfico e que mantêm diversos reféns, seqüestram a candidata por seus ideais contra a comercialização de drogas no país e a mantêm em cativeiro por mais de seis anos.
O caso foi acompanhado pela mídia durante todo esse tempo, e Ingrid se tornou peça importante na luta contra as FARC, envolvendo assim diversas lideranças do mundo, como o Presidente da Venezuela, Hugo Chaves e também políticos franceses (Ingrid possui cidadania Francesa). A partir daí o mundo passa a ver Betancourt como símbolo de luta e não mais como representação política, ela ganha visibilidade mundial, suas idéias que antes eram somente aceitas por parte da sociedade Colombiana, hoje é ouvida pelo mundo. Analisando as estatísticas, ela não ganharia as eleições em 2002, por mais que suas propostas fossem validas ela sofria ainda o preconceito que mulheres sofrem na política. Agora, Ingrid participa de Conferencias na Europa e virá “símbolo mundial de resistência e liberdade”, então por que suas propostas como candidata não lhe trouxeram tanta mídia? Pelo simples fato de que não é comum uma mulher ter tanta importância política e foi preciso um fato trágico para dar a ela esse status.
Afinal, a sociedade é sim preconceituosa, em níveis alarmantes. Uma mulher é capaz de ter idéias e a colocá-las em pratica, assim como um representante masculino faz ou até de uma maneira mais organizada. Não generalizaremos, mas as mulheres tem um melhor senso de organização e direção e juntamente com boas idéias, como Ingrid tem, teriam completa capacidade de governar.
Não podemos saber como teria sido Ingrid Betancourt no poder, porém hoje temos mulheres cada dia mais chegando perto dele e merecem sim um voto de confiança.

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